Clarice Lispector - Cronologia


1920 - Nasce a 10 de dezembro em Tchetchelnik, na Ucrânia. Clarice recebe o nome de batismo de Haia (Vida), filha de Mania e Pinkhas Lispector (Marieta e Pedro Lispector).
1922 - Seu pai consegue, em Bucareste, um passaporte para toda a família no consulado da Rússia. Era fevereiro quando foram para a Alemanha e, no porto de Hamburgo, embarcam no navio "Cuyaba" com destino ao Brasil. Em março: chegada em Maceió da família Lispector, composta por: Pinkhas (37 anos), Mania (31 anos), Leia (9 anos), Tania (6 anos) e Haia (1 ano). Durante a permanência na capital alagoana, seus nomes são abrasileirados para Pedro (Pinkas), Marieta (Mania), Elisa (Leia) e Clarice (Haia) — somente Tania conserva o nome original. São recebidos por Zaina, irmã de Mania e seu marido, José Rabin, que viabilizaram a vinda deles para o Brasil e os hospedaram nos primeiros tempos.
1924 - A família se transfere para Recife, onde Clarice passa a sua infância, em um prédio da Praça Maciel Pinheiro. Estuda no Grupo Escolar João Barbalho, passando daí para o Ginásio Pernambucano.
1930 - Morre a mãe de Clarice no dia 21 de setembro. Nessa época, com nove anos, matricula-se no Collegio Hebreo-Idisch-Brasileiro, onde termina o terceiro ano primário. Estuda piano, hebraico e iídiche. Uma ida ao teatro a inspira e ela escreve "Pobre menina rica", peça em três atos, cujos originais foram perdidos. Seu pai resolve adotar a nacionalidade brasileira.
1935 - Pedro Lispector transfere-se com a família para o Rio de Janeiro, passando Clarice a estudar no Colégio Sílvio Leite. Nesse período lê bastante, não só a literatura romântica de Delly, como também as obras de escritores consagrados como Júlio Dinis, Eça de Queirós, José de Alencar e Dostoievski.
1938 - Prepara-se, no Colégio Andrews, para ingressar na Faculdade de Direito. E nessa época, freqüenta uma pequena biblioteca de aluguel na Rua Rodrigo Silva, onde escolhe os livros pelo título. Descobre, ocasionalmente, a obra de Katherine Mansfield.
1940 - Entra para a Faculdade Nacional de Direito. Publica, no dia 25 de maio, o primeiro trabalho de ficção, o conto Triunfo, no semanário Pan, de Tasso da Silveira. Em 26 de agosto, morte do pai de Clarice. Ela passa a residir no bairro do Catete com a irmã Tania Kaufmann, já casada. Começa a trabalhar como redatora e repórter na Agência Nacional, do Departamento de Imprensa e Propaganda.
1941 - Redatora da Agência Nacional, trabalha ao lado de Lúcio Cardoso, que se tornaria um de seus melhores amigos.
1942 - Enquanto cursa a faculdade, começa a escrever seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem.
1943 – Naturaliza-se brasileira em 12 de janeiro. Em 23 de janeiro, casa-se com Maury Gurgel Valente, seu colega na faculdade de Direito, que em 1940 havia realizado o concurso do Instituto Rio Branco e ingressado na carreira diplomática. Publica da seu primeiro livro, Perto do coração selvagem
1944 - De 20 de janeiro a 13 de julho, o jovem casal passa uma temporada em Belém, Pará, onde Maury atua como elemento de ligação entre as autoridades estrangeiras ali sediadas durante a Segunda Guerra Mundial. Embarca no dia 19 de julho, para Nápoles, Itália, onde Maury assume o primeiro posto no exterior. Em virtude do conflito, Clarice só chegaria à Itália em agosto, após escalas em Portugal e no norte da África. Perto do coração selvagem recebe o prêmio Graça Aranha de melhor romance de 1943, da Academia Brasileira de Letras - ABL.
1945 - No fim da guerra, Clarice é retratada por De Chirico. Em maio de 45, ela manda uma carta às irmãs Elisa e Tânia, contando o encontro com o artista e falando sobre o final da guerra na Europa. "Eu estava em Roma quando um amigo meu disse que o De Chirico na certa gostaria de me pintar. Perguntou a ele. Aí ele disse que só me vendo. Me viu e disse: eu vou pintar o seu ... o seu retrato. Em 3 sessões ele fez. E disse assim: eu podia continuar pintando interminavelmente esse retrato, mas eu tenho medo de estragar tudo. Eu estava posando para De Chirico quando o jornaleiro gritou: 'È finita la guerra'. Eu também dei um grito, o pintor parou, comentou-se a falta estranha de alegria da gente e continuou-se. Aposto que, no Brasil, a alegria foi maior."
1946 - De 18 de janeiro a 21 de março, passa temporada no Rio de Janeiro, quando aproveita para lançar seu segundo livro, O lustre. Em 15 de abril, o casal Gurgel Valente instala-se em Berna, na Suíça.
1948 - Nasce no dia 10 de setembro, em Berna, o primeiro filho, Pedro.
1949 - O casal Gurgel Valente deixa Berna e passa uma temporada no Brasil, durante a qual Clarice aproveita para lançar seu terceiro livro, A cidade sitiada.
19501951 - Passa seis meses na cidade inglesa de Torquay, onde Maury participa da III Conferência Geral de Comércio e Tarifas.  
1952 – Assume a página Entre Mulheres do Jornal Comício, sob o pseudônimo de Tereza Quadros.Publica o primeiro livro de contos, Alguns Contos, pelo Ministério de Educação e Saúde. Em setembro, instala-se com a família em Washington, onde Clarice torna-se grande amiga do casal Mafalda e Érico Veríssimo, que viriam a ser mais tarde padrinhos de seus dois filhos.
1952-1959 - Reside em Washington.
1953 - Em 10 fevereiro, nasce o segundo filho, Paulo.
1954 - Temporada de férias no Rio de Janeiro, de 15 de junho a 15 de setembro. Sai a edição francesa de Perto do coração selvagem, pela editora Plon.
1958-1959 - Colabora para a revista Senhor.
1959 - Separa-se do marido e passa a residir definitivamente, com os filhos, no Rio de Janeiro. Assume a coluna Correio Feminino – Feira de Utilidades, no jornal carioca Correio da Manhã, sob o pseudônimo de Helen Palmer. Publica ainda uma série de contos na revistaSenhor.
1960 - Publica seu segundo livro de contos,Laços de Família. Torna-se responsável pela coluna Só mulheres, do Diário da noite, na qualidade de ghost writer da atriz Ilka Soares.
1961 – Publica o quarto romance, A mação no escuro. Recebe o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, por Laços de família.
1962 - Recebe o Prêmio Carmem Dolores pelo romance A Maçã no Escuro.
1963 - Profere, no XI Congresso Bienal do Instituto Internacional de Literatura Ibero-Americana promovido pela Universidade do Texas, em Austin, a conferência Literatura de vanguarda no Brasil.
1964 - Publicação do terceiro livro de contos, A Legião Estrangeira, e do quinto romance, A paixão segundo G.H.
1965 - O romance Perto do coração selvagem é encenado por Fauzi Arap no Teatro Maison de France, com interpretação de Glauce Rocha e José Wilker.
1967 - Sobrevive a um incêndio em seu quarto que a deixa três dias entre a vida e a morte e quase provoca a amputação de sua mão direita, fortemente queimada. Torna-se cronista do Jornal do Brasil em agosto. E publica seu primeiro livro infantil, O mistério do coelho pensante.
1968 – Publicação do segundo livro infantil, A mulher que matou os peixes.
Inicia, em março, uma série de entrevistas para a revista Manchete, sob o título Diálogos possíveis com Clarice Lispector. Recebe a Ordem do Calunga, concedida pela Campanha Nacional da Criança, pelo livro O mistério do coelho pensante. Engajamento político: em crônica publicada em 6 de abril, declara-se chocada com a morte do estudante Edson Luís. Em 2 de junho, integra o grupo de 300 intelectuais que se dirige ao Palácio Guanabara para cobrar do governador Negrão de Lima uma postura mais democrática. Em 26 de junho, participa, na linha de frente composta por intelectuais e artistas, da Passeata dos Cem Mil contra a ditadura militar.
1969 – Publicação do sexto romance,Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Premiado com o Golfinho de Ouro do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.
1971 - Publicação do quarto livro de contos Felicidade Clandestina.
1973 - Publicação do quinto romance,Água Viva, e do sexto livro de contos, A imitação da rosa. Deixa de colaborar com o Jornal do Brasil em dezembro.
1974 - Publicação do sétimo e do oitavo livro de contos, A via crucis do corpo eOnde estivestes de noite, assim como do terceiro livro infantil, A vida íntima de Laura.
Participa, em agosto, Participa do IV Congresso da Nova Narrativa Hispanoamericana, em Cali, na Colômbia. Passa a se dedicar intensamente à tradução, vertendo para o português obras de autores de estilos tão diversos quanto Ibsen, Garcia Lorca, Jack London, Julio Verne, Bella Chagall, Henry Fielding, Agatha Christie, Pascal Lainé e Edgar Allan Poe.
1975 - Publicação da coletânea de crônicas Visão do esplendor — Impressões leves.  Publicação do livro de entrevistas De corpo inteiro. E participa do 1º Congresso Mundial de Bruxaria, em Bogotá, com o texto "Literature and Magic". Passa a se dedicar também à pintura.
1976 - Participa, em abril, da II Exposição-Feira Internacional do Autor ao Leitor, em Buenos Aires, Argentina. Neste mesmo mês, recebe o prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pelo conjunto de sua obraGrava, no dia 20 de outubro, um depoimento sobre sua vida e obra para o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, tendo como entrevistadores Affonso Romano de Sant’Anna, Maria Colasanti e João Salgueiro, diretor do MIS. Em dezembro, é contratada pela revista Fatos & fotos  para fazer uma série de entrevistas nos moldes daquelas que efetuara para a revista Manchete, atividade que manteria até outubro do ano seguinte.
1977 - Em fevereiro, é contratada pelo jornal Última Hora para assinar uma crônica semanal. Nesse mesmo mês, Clarice concede entrevista a Júlio Lemer, da TV Cultura de São Paulo, que só seria veiculada no dia 28 de dezembro. Publicação, em outubro, do seu último livro a novela A hora da estrela,que foi adpatado para o cinema, em 1985. Em 9 de dezembro, morre de câncer, às vésperas de completar 57 anos. Queria ser enterrada no Cemitério São João Batista, mas era judia. sendo sepultada no Cemitério Comunal Israelita do CajuAinda em dezembro, seu filho, Paulo doa uma série de documentos manuscritos e datilografadas — incluindo a correspondência pessoal da autora —, à Fundação Casa de Rui Barbosa.


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